Desde o início da sua jornada na Auto Júlio, em 2006, até se tornar responsável pelo Polo de Leiria, Abílio Oliveira tem vivido uma trajetória marcada por desafios, superações e momentos inesquecíveis. Numa conversa franca, partilha como a sua dedicação, o apoio da equipa e a capacidade de adaptação foram essenciais para transformar obstáculos em oportunidades.
Conte-nos um pouco sobre o seu percurso até se tornar responsável pelo Polo de Leiria.
Entrei na Auto Júlio em 16 de abril de 2006, quando o Grupo adquiriu as marcas Nissan e Hyundai ao Entreposto em Leiria. Eu era vendedor da Nissan e vim com a marca. Naquela altura, o grupo em Leiria representava apenas a Mitsubishi.
Foram tempos desafiantes, uma vez que os modelos da Nissan eram concorrentes diretos da Mitsubishi, o que gerava uma concorrência interna nem sempre fácil de gerir. No entanto, com trabalho e foco, consegui afirmar-me, e felizmente as vendas surgiram em grande número.
No final de 2010, fui convidado pelo Sr. António Júlio para gerir o Polo de Pombal, onde permaneci de 2011 até meados de 2012, numa fase em que a crise financeira se agravou. Nesse mesmo ano, regressei a Leiria, onde foi necessário reduzir a equipa ao mínimo essencial para mantermos a atividade.
Felizmente, em 2013 começámos a recuperar, e em 2014, com o aumento do volume de vendas, foi necessário recrutar novos vendedores para dar resposta à procura.
Quais foram os principais desafios que enfrentou na gestão do Polo de Leiria e como os superou?
Os maiores desafios foram lidar com as diversas situações que surgiram ao longo do tempo, desde crises no setor até alguns confrontos internos. Felizmente, sempre contei com o apoio da administração e, sobretudo, com a dedicação da equipa que me acompanhou.
Pode partilhar alguma experiência marcante ou história interessante que tenha vivido na sua trajetória dentro da empresa?
Ao longo dos anos na área comercial, vivi muitas experiências e momentos inesquecíveis. Uma das histórias que guardo com carinho é a da primeira viatura que vendi. Foi num sábado à tarde, no distrito de Coimbra, uma Nissan Navara. Durante o test drive, o cliente disse-me que, se a viatura conseguisse subir determinado caminho, fecharíamos o negócio.
Quando chegámos ao local, o caminho estava coberto de fetos. Perguntei ao cliente se tinha certeza de que ali havia um caminho, ao que ele respondeu: “Já está com medo que a viatura não suba?”. Sem hesitar, respondi: “Para ver que não estou com receio, até a deixo subir sozinha”. Saltei para fora da viatura e fui ao lado dela durante um tempo. O cliente, surpreso, gritava de dentro do carro: “Você é doido!”. O final foi feliz: viatura vendida e sinal pago na hora!
Que estratégias utiliza para motivar a sua equipa e alcançar as metas estabelecidas?
Conheço bem cada elemento da minha equipa, e eles sabem o que penso de cada um. Isso facilita a análise de cada momento e situação. Todos temos altos e baixos, e é justamente nessas fases que o apoio e a motivação são mais necessários.
Como vê a evolução do mercado automóvel nos próximos anos, especialmente no que diz respeito às novas tecnologias e à sustentabilidade? Que tendências a empresa deve acompanhar para se manter competitiva?
Vivemos num mundo cada vez mais desigual e incerto. A eletrificação será predominante, acompanhada pelo avanço das novas tecnologias, da condução autónoma e da partilha na mobilidade. O cumprimento das metas ambientais (CAFE) é um desafio, mas uma certeza. As empresas precisam de acompanhar este processo, adaptando-se às mudanças do mercado, implementando regras de sustentabilidade e promovendo a economia circular.
De que forma a sua equipa se adapta às mudanças e inovações do mercado?
Temos uma equipa relativamente jovem, curiosa e interessada na evolução do setor, o que facilita a adaptação. Além disso, as marcas que representamos investem constantemente na formação, garantindo que estamos sempre atualizados e preparados para as inovações do mercado.
Como descreve o seu estilo de liderança e de que forma incentiva o trabalho em equipa?
Considero-me um líder emocional, baseando a minha gestão na comunicação e no diálogo, evitando ao máximo conflitos dentro da equipa. No entanto, quando necessário, sei ser mais firme para encerrar temas que possam gerar resistência ou discordância.
Quais competências considera fundamentais para um profissional de vendas nos dias de hoje?
Destaco algumas competências essenciais: conhecimento profundo do produto, capacidade de comunicação, empatia com o cliente, boa gestão do tempo, resiliência e forte poder negocial. Estas são, na minha opinião, as bases para um vendedor de sucesso.
Se tivesse de dar um conselho a quem está a começar agora no setor, o que diria?
Diria que é essencial ter disponibilidade mental para acompanhar as mudanças e a evolução da atividade. Somente com essa abertura para aprender e se adaptar é possível superar os desafios diários e construir uma carreira de sucesso no setor automóvel.