Com 37 anos de história na AJúlio Mobility, o colaborador mais antigo da empresa acompanhou de perto cada desafio, conquista e transformação. Hoje, partilha connosco memórias, reflexões e a sua visão sobre o passado, o presente e o futuro da empresa.
1 – Sendo o colaborador com maior antiguidade na AJúlio Mobility, terá certamente “visto de tudo” na história da empresa. Conte-nos.
Tudo começou em Abril de 1987, onde o escritório era uma Roulote. O Sr. António Júlio tinha acabado de comprar a Geopeças e eu achei que ele, a partir daí, tinha hipótese de fazer uma longa caminhada rumo ao sucesso. Eu, na empresa onde era Vendedor, já não via grande futuro para mim. A empresa estava com dificuldades em pagar as comissões. Então decidi vir trabalhar com ele. Já vivemos juntos muitas vitórias mas também amargámos algumas derrotas. Ainda assim, cá estamos hoje para contar as nossas histórias de uma vida e de tudo o que foi possível de alcançar e das quais eu muito me orgulho.
2 – Os clientes de hoje são assim tão diferentes de há 30 anos atrás?
Sim, os clientes de hoje são, sem dúvida, muito diferentes. Têm muito mais informação. A Era Digital veio alterar completamente a forma e o tempo de negociar. A minha geração foi a geração de Vendedores mais sofredora, sentimos na pele todas as dificuldades. Note que não havia computadores, nem telemóveis e quem não tem formação académica sente ainda maior dificuldade na adaptação aos dias de hoje.
3 – E o processo de compra, alterou-se assim tanto ou ainda se vendem Canters à noite com um “petromax” em cima de um bidon?
O processo de compra alterou-se completamente. Antigamente um Vendedor tinha hipóteses de negociar com o cliente. Havia uns Vendedores com mais experiência do que outros, é verdade, mas nos dias de hoje não existem margens e só se ouve é publicidade e “viatura chave na mão”. O Vendedor já nem tem hipótese de negociar, uma vez que não dispõe de margens para o fazer, e os clientes hoje também não estão dispostos a “aturar” um Vendedor até altas horas da noite para comprar uma viatura. Veja-se que as Canter a cliente particular hoje não se vendem, com ou sem petromax. O preço é tão elevado, tão disparatado, que não existe nenhum Agricultor que consiga comprar uma Canter nos dias de hoje. Restam-nos apenas algumas empresas que ainda vão comprando.
4 – Acha que a relação com os clientes se alterou muito? Exatamente no quê?
Sim, alterou-se porque a capacidade de negociação antigamente levava-nos a criar uma grande amizade com o cliente. Hoje isso não existe e muitos dos clientes de hoje trocam-nos por meia dúzia de euros, já para não falar do direito de palavra. Antes apertavam-se as mãos e era compromisso selado. Hoje, infelizmente, encontram-se muitos clientes que não têm palavra ou muitos outros que não têm crédito.
5 – Como vê as alterações que estão a ocorrer no setor?
Eu acho que as alterações que estão a decorrer são como o próprio negócio em si. Cada vez mais este negócio irá estar nas mãos de grandes Grupos, cada vez irão existir menos Concessionários. Também nas motorizações haverá menos viaturas a Diesel e mais a Gasolina, Híbridos Plugins e Elétricos, ou, quem sabe, o futuro seja o Hidrogénio.
6 – Que balanço faz destes 37 anos na AJúlio Mobility?
O balanço que faço destes 37 anos de AJúlio Mobility são 37 anos de muita dedicação, muito trabalho, muitas noites sem dormir, ou a dormir mal. No entanto, ainda hoje me levanto com muita vontade de vir trabalhar nesta empresa que se tornou num grande Grupo, com muitas áreas de negócio e que ainda hoje continua a crescer e da qual muito me orgulho. Sendo verdade que passou por cá alguma gente pouco profissional não é menos verdade que já por cá passaram muitas pessoas muitíssimo profissionais e que cá deixaram o seu legado.