Na AJúlio Mobility, o Departamento de Peças desempenha um papel fundamental na eficiência das operações e na satisfação dos clientes. Para compreender melhor os desafios, inovações e o dia a dia deste setor conversámos com André Oliveira, Responsável pelo Departamento de Peças no polo de Leiria.
1. Conte-nos um pouco sobre a sua função na AJúlio Mobility.
Basicamente a minha função na AJúlio Mobility é gerir o departamento de peças do polo de Leiria. Trabalho para criar as melhores condições para que a nossa equipa possa atingir os objetivos a nível de vendas, tanto para o cliente exterior como para a nossa oficina. Resolvo, ainda, todos aqueles problemas que vão acontecendo no setor de peças, tais como trocas, embalamentos errados e as reclamações relacionadas com as peças que chegam danificadas ou que tem defeito de fabrico.
2. Quais considera serem as inovações mais entusiasmantes na indústria das peças automóveis nos últimos anos?
A evolução na indústria de peças está interligada com aquilo que é a evolução a nível informático. A digitalização dos catálogos foi uma grande revolução na indústria. Veio facilitar muito o trabalho da identificação da peça, o que nos faz poupar muito tempo.
As novas formas de comunicação também são uma evolução importante na indústria. A utilização do whastapp ou do e-mail onde é possível o cliente mostrar logo uma foto daquilo que pretende, facilita imenso a comunicação e a identificação do produto. Isto evita erros na identificação de cada peça.
A ligação online que existe aos vários portais de fornecedores foi também uma evolução importante. Conseguimos ver os stocks dos armazéns praticamente em tempo real nos vários fornecedores e isso ajuda-nos bastante a encontrar as melhores soluções.
Por último a transformação ao nível da logística onde facilmente conseguimos ter entregas de peças de qualquer parte da Europa em 2, 3 dias e a nível nacional quase sempre em 24h.
3. Quais são os principais desafios na gestão e fornecimento de peças automóveis? Como é que a sua equipa tem superado essas dificuldades?
O principal desafio ocorre quando a marca já não fornece a peça pretendida, o que tem ocorrido cada vez com mais frequência. O parque automóvel nacional é envelhecido e as marcas cada vez tendem a descontinuar as peças mais cedo.
A correta identificação da peça e a gestão do tempo de entrega são também dois grandes desafios. Uma má identificação ou um pedido feito de forma errada pode representar um veículo imobilizado em oficina mais tempo do que o esperado. A concorrência cada vez maior também é um desafio. Anteriormente quem representava uma marca praticamente não tinha concorrência a nível regional e hoje em dia temos 3 ou 4 players no mercado que fazem concorrência a nível nacional.
A nossa equipa tem superado estas dificuldades com competência e rigor na identificação das peças, mas também usando da melhor forma as soft skills que acho que não eram muito valorizadas neste sector, mas que com a crescente concorrência o cliente tende a valorizar. O crescimento do preço das peças aliado à evolução tecnológica e complexidade das mesmas também tem sido desafiador, mas tentamos contornar mostrando as vantagens da compra de material original.
4. O que considera mais gratificante no trabalho no Departamento de Peças?
Diariamente somos confrontados com vários problemas, resolvê-los é a parte mais gratificante. Ver um carro sair da oficina que teve uma peça que foi bastante difícil arranjar, ou arranjar uma peça a um cliente que tinha tido dificuldade em encontrar noutros lados, por exemplo.
Por vezes termos de arranjar uma peça para um carro que tem de sair até ao fim do dia, ou que tem o cliente à espera na sala. Aquilo que parece uma missão impossível e no fim do dia vemos que foi possível encontrar uma solução é gratificante.
5. Acredita que as peças reutilizáveis terão um papel cada vez mais relevante no futuro do setor automóvel?
Acredito que possa ser uma solução mais a médio prazo. Diria que a curto prazo estamos a ver e veremos cada vez mais peças com uma componente cada vez maior de material reciclado, mas é inevitável que se tenha de caminhar para qualquer uma destas soluções.
Vemos que o impacto ambiental é uma preocupação cada vez maior em todas as indústrias e a indústria automóvel não será exceção.
6. Se pudesse contar um episódio que o marcou, qual seria?
Não tenho um episódio em específico que me tenha marcado, mas recordo vários, aqueles cómicos que no nosso sector acontecem muito. Tentar identificar qual é o lado esquerdo e direito das peças. Tentar entender por vezes a linguagem do cliente na tentativa de explicação da peça pretendida. Também recordo aqueles momentos mais marcantes como aquelas grandes vendas que até nem estávamos à espera de fazer, mas que depois se conseguem concretizar.
7. Com o envelhecimento da frota automóvel em Portugal, tem sido mais difícil encontrar peças para veículos mais antigos? Como têm lidado com esta realidade?
Como já tinha referido anteriormente é um grande problema. Temos de facto uma frota automóvel envelhecida e as marcas cada vez mais programam os stocks para durarem apenas para os 10 anos de fornecimento obrigatório. Atualmente somos confrontados quase todos os dias com situações destas. Sobretudo as marcas que dispomos onde temos muitos veículos comerciais e de todo-o-terreno em boas condições, mas as marcas simplesmente não fornecem as peças.
A nível interno temos sempre de arranjar uma solução, quer seja material de linha branca ou até mesmo material usado. Para o cliente exterior é mais difícil, pois uma peça descontinuada dificilmente vai representar uma venda porque o cliente vem à marca para comprar original, por muito que apresentemos uma alternativa de linha branca ou usada ele dificilmente irá comprar.
8. Os veículos elétricos exigem peças mais específicas e uma abordagem distinta na reparação. Como tem sido a adaptação do Departamento de Peças a esta mudança?
Para o exterior relativamente aos veículos elétricos a maior parte das vendas é de carroçaria e, nesse caso, a maioria das peças é igual a um veículo a combustão. Temos uma ou outra peça da parte do carregamento que também possa ser vendida.
O facto de ainda não haver um mercado muito grande no que toca a reparações de baterias ou dos motores elétricos leva a que não tenhamos, ainda, essa necessidade para o exterior. A nível interno, para além das reparações de carroçaria, já fazemos algumas reparações mais específicas para veículos elétricos e aí, por vezes, temos de recorrer à ajuda dos técnicos da oficina para a identificação das peças.
9. Como é que imagina o seu futuro na AJúlio Mobility? Onde se vê daqui a 5 anos?
Gosto bastante do que faço e do lugar onde estou! Fui muito bem acolhido no grupo e temos tido um crescimento paralelo, uma grande expansão do grupo e pessoalmente uma grande evolução das minhas capacidades e, por isso, vejo como uma união de sucesso.
A evolução tecnológica pode voltar a impactar bastante o nosso sector com o crescimento exponencial da inteligência artificial. Poderemos ter sistemas capazes de fazer grande parte do nosso trabalho, mas terá sempre de haver uma adaptação da nossa parte à evolução que for acontecendo.
