Pedro Braz, ceramista caldense com 46 anos de experiência, fala sobre arte, tradição e o poder transformador da cerâmica.
Ao longo da sua carreira, desenvolveu um estilo que combina tradição e inovação. Pedro é fundador do estúdio Farol, onde dá luz à sua criatividade e com cada peça que cria partilha uma mensagem profunda.
Como é que entrou para o mundo da cerâmica?
Desde cedo que manifestei uma paixão pela pintura e ambicionava seguir Belas-Artes. No entanto, por ser proveniente de uma família com recursos limitados, não tive oportunidade de seguir esse caminho. Determinado a não deixar que isso me impedisse, comecei, aos 15 anos, a aprender cerâmica como aprendiz do ceramista caldense Alberto Miguel. E foi assim que teve início um percurso profissional que já conta com mais de quatro décadas de dedicação à arte cerâmica.
Para quem é a sua arte?
Embora mantenha um forte compromisso com o trabalho artesanal, recorro também a técnicas semi-industriais, permitindo uma maior disseminação das minhas peças sem comprometer a essência artística. Além disso, abro as portas do estúdio Farol a estudantes da ESAD, acolhendo estagiários a quem transmito os meus conhecimentos e a paixão pela cerâmica.
Como encara o equilíbrio entre o respeito pela tradição e a vontade de inovar?
Defendo que a inovação deve caminhar lado a lado com a tradição. Para mim, o segredo está em “nunca esquecer as origens e dar-lhes roupagens novas”. O futuro está presente nas minhas criações, mas a herança cultural que nos trouxe até aqui permanece sempre visível.
O que quer que as pessoas que compram a sua arte sintam?
Para mim é importante que cada peça faça “sentir algo”. Para além da estética e funcionalidade, é essencial que exista uma mensagem e uma intenção, e tudo deve ser feito com amor, pois, como disse no início, “esse é o segredo”.
Qual é o significado do Farol, o seu estúdio?
Para mim, o Farol representa muito mais do que um simples marco, é um símbolo de luz. O objetivo é que cada pessoa que entra no estúdio sinta essa energia e se inspire. Os faróis, frequentemente presentes nas minhas criações em cerâmica, tornaram-se uma das minhas assinaturas artísticas, refletindo essa mesma missão de iluminar e guiar através da arte.
Que conselho daria a alguém que quer começar nesta arte?
Com 46 anos de experiência, admito: “sou ceramista há 46 anos e não sei nada”. Para mim, cada erro é uma oportunidade de aprendizagem e ninguém deve assumir que já sabe tudo. O mundo está em constante evolução, e é essencial que os artistas evoluam com ele.